A crescente desvalorização da remuneração médica nos últimos anos tem levado grupos de especialistas a se mobilizar para questionar a postura das fontes financiadoras. A grande pergunta que fazem, de forma organizada e coletiva, é: por que, diante da inflação crescente e dos recorrentes reajustes dos valores dos planos de saúde, os médicos precisam trabalhar mais por remunerações que costumavam receber anos atrás? Na tentativa de equacionar o problema, diversos modelos de remuneração tem sido propostos, mas nenhum que atenda positivamente à expectativa das partes envolvidas.
Grandes atores do mercado propõem a divisão de riscos em procedimentos médicos, através da adoção de um modelo de remuneração denominado “orçamento ajustável”. Nesse cenário, a operadora paga uma quantia fixa pelo serviço, acrescida de um adicional, caso fique comprovado que o procedimento foi bem-sucedido após alguns meses. No entanto, se surgir uma complicação imprevista, o prestador recebe apenas o valor pré-acordado, calculado com base na média de preços do ano anterior.
De acordo com a advogada Marina Basile, pioneira em Direito à Saúde na Bahia, nesse formato, o risco do negócio é transferido para o prestador, deixando de lado a responsabilidade intrínseca do profissional. “O modelo ignora o fato de que o médico deve ser remunerado pelo serviço prestado, independentemente do resultado. Evidentemente, esse modelo não atende às necessidades dos profissionais”, afirmou a especialista. (mais…)