Por Duílio Fabbri Júnior – Doutor em Linguística
É temerário fazer generalizações, mas neste caso não chega a ser ousadia: Pelé é, sem dúvida, o brasileiro mais conhecido em todo o mundo. Dos campinhos de terra na África às grandes salas de reuniões em modernos edifícios na Europa, passando por premiações, campanhas publicitárias, eventos sociais, entrevistas e demais atividades de sua intensa agenda, Edison Arantes do Nascimento mobiliza fãs de todas as idades, gêneros e etnias por onde passa. O motivo de tanta fama, claro, é a revolução que comandou no campo do futebol, já amplamente registrada. O que interessa aqui é a revolução que ele iniciou fora das quatro linhas – a qual ajuda a explicar por que ele segue badalado mesmo após quarenta anos de sua aposentadoria.
O mais recente fato que recoloca Pelé no centro das atenções dentro e fora do esporte é o lançamento do documentário que leva seu nome e está disponível desde 23 de fevereiro de 2021 na plataforma da Netflix. Produzido por Kevin MacDonald e codirigido por David Tryhorn e Ben Nicholas, a obra audiovisual de quase duas horas destaca-se por trazer depoimentos de colegas, familiares e contemporâneos dele além de acompanhar sua trajetória esportiva desde a década de 1950, quando desembarcou no Santos Futebol Clube aos 16 anos, até sua despedida dos gramados, vinte anos depois, nos Estados Unidos.
Já um sucesso, a obra traz a comparação inevitável: quanto valeria a marca “Pelé” se ele jogasse atualmente? Estimativas matemáticas sempre podem ser feitas, obviamente. Se em 1961, quando já era campeão do mundo com a seleção brasileira de futebol e um ano antes de repetir o feito com o Santos, Pelé recebia 2 milhões de cruzeiros – o que corresponderia a cerca de R$ 70 mil em valores atuais. (mais…)